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VERSO
VOZ

19.11.13

Mendigo

a euforia
a dança
a alegria
de criança

seu mendigo
se sorriu
mundo todo
se lhe abriu

num protesto
estudantil
manifesta
tão sutil

e se riu

alegria
alforria

 ria



Ao querido ébrio morador de rua da Praça Coronel Fernando Prestes, que inebriara-se neste singelo momento de uma espécie de esperança intoxicante

15.11.13

Cogito

névoa presença
trazidos por um mar cinza
todos os pensamentos de uma vida
aroma impossível

esse vento
não toca os olhos
(mas o peito)
e fragmento-me
de nunca ter
nunca havido
nunca vivido

é a viva reminiscência do que jamais
e que um dia nunca seria
e ainda
contudo
é

5.5.13

Aos seis anos

Quando eu tinha seis anos, a professora da pré-escola não nos deixaria sair para o intervalo a menos que o culpado pela a-b-s-o-l-u-t-a destruição de seu apontador fosse apontado. O objeto fora pisoteado, claramente por acidente e ninguém apontou um culpado.
A crua crueldade e pura vaidade move a professora a tentar nos ensinar uma lição vazia, às custas de nossas barriguinhas. Matutei e me apontei culpada pelo claramente acidente. Fiquei orgulhosa de mim, salvei a hora do lanchinho.
A professora me disse para nunca mais fazer isso, passou a me tratar mal e perdi brincadeiras. Meus coleguinhas, ninguém agradeceu. Desceram todos em absoluto silêncio resignado.
Quando eu tinha seis anos aprendi como a vida é